El condor pasa

12 de Março de 2006

Domingo de manhã, a caminho do Terreiro do Paço para apanhar o barco para o Montijo e procurando uma esplanada ao sol para tomar o pequeno-almoço. Nem uma para amostra. Uma cidade à beira-rio, grande parte do ano com sol e nada. Penso eu: "Domingo é sossegado, vou pelo menos até à Praça do Comércio apanhar sol e ler até à hora do barco". Chegado ao dito local dou com o seguinte cenário: praça quase vazia e PanPipe Band no meio a tocar! Se há coisa que eu detesto é banda dos Andes. Isso, Samba e Reggae. Pergunto-me sobre que farão aquelas personagens naquele local às 10h30 da manhã e rapidamente a minha curiosidade é saciada. Eles surgem de todo lado, turistas de câmara ao peito invadem a praça, vindos não se sabe muito bem donde. Param, fotografam, ouvem um pouco da música, posam junto à banda e alguns deixam alguns trocos no estojo da guitarra. Já não bastava o facto de me ver forçado a colocar os phones num dia tão silencioso, tive de desistir de ler pois não me consegui abstrair de tanto movimento. Isto fora o grupo de ciganos a tentar vender óculos escuros, o drogado a pedir trocos e um louco vestido de palhaço que pede um cigarro e que de seguida inicia um cântico estridente em forma de ritual para a estátua do D. José. Tive de esperar até chegar ao barco para ler em paz e até ao Montijo para comer a tão desejada torrada com leite achocolatado Ucal, numa praça sossegada e ao sol. Já acabei o livro.